Comportamento BULLING: humilhar, intimidar, ofender, agredir.... Gozação, agressão, ofensa e humilhação... O que para muitos era “normal”, coisa de criança e de adolescente é, na verdade, bullying - palavra em inglês que é usada com o sentido de zoar, gozar, tiranizar, ameaçar, intimidar, humilhar, isolar, perseguir, ignorar, ofender, bater, ferir, discriminar e colocar apelidos maldosos. Uma simples mensagem
Ao iniciar o ano, o Ano Novo, todos nós paramos por alguns instantes para fazer um balanço do ano que se passou. Surgem aí angústias por objetivos não alcançados. Mas com a energia que o “novo” nos proporciona, a angústia dá lugar à novas perspectivas, as quais, temos certeza de que vamos conquistar. Não pensamos nas pedras que iremos, muitas vezes encontrar no caminho, que se tornam obstáculos precisamente para nos fazer desistir e nos acomodar. O nosso erro é acreditar que esses mesmos obstáculos nos torna perdedores, fracos. É nesse instante que estamos cometendo o maior e o pior dos erros em nossas vidas. São precisamente os obstáculos que deveriam nos fortalecer. Coisas fáceis nem sempre nos fazem crescer. Pensando nisso é que de agora em diante, vou utilizar as pedras para construir meu caminho. Só vai depender de mim, se esse caminho vai ser tortuoso, com falhas, pedras colocadas erradas, umas com excesso de cimento ou outras sem cimento algum. Com certeza, terei pedras suficientes para construir uma boa base, para que essa estrada não precise ser recapeada tão cedo, pois o asfalto que colocarei nela, terá tanto sustento quanto a minha vontade de vencer. Sei também que construir uma estrada sozinho levará muito tempo. Não tenho pressa, pois para que uma estrutura seja bem edificada, é necessário tempo. Não só tempo, mas também colaboração daqueles que estão ao meu redor. Isso me faz pensar que não estou sozinho, ou pelo menos não deveria estar. Uma boa companhia é sempre bem vinda. Digo “boa” porque preciso ter ao meu lado pessoas com as quais posso contar. Uma boa companhia também nos mostra se a estrada está torta ou reta. Se estiver ao menos um pouquinho torta, não vamos ter preguiça, mesmo que o suor esteja escorrendo no rosto. Vamos endireitá-la!. Pois bem: onde chegar? Por onde começar? Por qual caminho percorrer? Todos sabemos que o mais importante, não são as respostas que procuramos angustiantes, mas sim, as perguntas que fazemos. Se queremos saber onde chegar, por onde começar ou ainda, por qual caminho percorrer, posso afirmar que já chegamos onde queríamos: no caminho que iremos traçar; já começamos, pois não existe nada pior que não começar; e, por qual caminho percorrer? Meu caro, só existe um caminho: o seu, e não há outro. Olhe ao seu redor, o ano, o novo, já não está tão novo mais, já está no meio, já é um adolescente. E o que você já fez? O que já conquistou? (lembre-se: perguntas são mais importantes...elas são o ponto inicial de toda reflexão). Questione-se, reflita. Se ainda não conquistou nada e as pedras ainda estão todas esperando para serem lapidadas, não demore, comece agora. Ah, me esqueci de falar da lapidação. Alguém encheria os olhos ao observar um diamante não lapidado, todo sujo e cheio de lascas? Com certeza não! É necessário lapidá-lo, dar uma boa polida, o formato necessário a ele. Aí sim, brilhará aos nossos olhos. Já estamos no meio, e as perspectivas são as mesmas ou com algumas leves modificações, mas ainda existem. Existem para que a cada vez que você olhar para trás e ver que tantas outras não foram concretizadas, você perceba que precisa de um pouco mais de esforço. Tem alguém te estendendo a mão? Se não, não se iluda você não é nada sem ninguém. Olhe para os lados, tem muita gente ao seu redor, talvez pessoas que nem reparem em você, se for necessário, peça ajuda. Não tirou notas boas, não conseguiu as médias necessárias? NÃO DESISTA! (Lembra- se das pedras?). Vamos lá, se já estamos no meio, é sinal de que precisamos de férias. Estas são merecidas. Descanse, brinque (mesmo que não seja criança), vá ao cinema, passeie com os amigos, canse, leia bons livros, durma o necessário e mais que o necessário. Depois de ter feito todas essas coisas e outras mais, VOLTE! Volte para seus objetivos, pois eles fazem parte de uma causa. Mas não se esqueça, a adolescência se vai rápido demais e as férias também. Ao voltar, busque produzir conhecimento, fazer as lições de casa. Responda pelos seus atos, seja responsável. Ainda há tempo de recomeçar se for necessário. Recomece, reviva momentos importantes e observe o que te impede de ser melhor. Mas se tudo está em ordem e no caminho certo, continue... quem sabe você pode ajudar outras pessoas. Vamos “viver” intensamente, “ser” intensamente, “fazer” intensamente. Não desista, ainda há tempo, tempo de “viver”, de “ser”, de “fazer”...e se nesse percurso o “medo” aparecer, não se desespere, o medo também pode nos tornar prudentes e nos ajuda a evitar muitos erros. Assuma suas responsabilidades, pois só assim você... É QUEM TERMINARÁ ESSA HISTÓRIA...
Marcos Paulo Rodrigues Professor de Sociologia e Filosofia CJ
PLANEJAR PARA TODA A VIDA No séc. III a.C., um chinês chamado Kwantzu disse que se quiser planejar para décadas, hão de se plantar árvores; se quiser, porém, planejar para toda a vida, há de se educar o homem. A sociedade atual tem-se preocupado bastante com o meio ambiente: a falta de água, o aquecimento global, o desmatamento, as mudanças climáticas, a poluição nas grandes cidades, enfim, tem-se preocupado com os problemas que enfrentamos no dia a dia concernentes à natureza e à qualidade de vida. Essa preocupação logicamente é válida, afinal, se a vida no planeta se deteriorar, a nossa existência estará comprometida. O problema, porém, é como isso foi encarado em todos os tempos, inclusive na atualidade. Sempre existiu o temor de ‘acabar o mundo’. Sempre houve a intenção de salvar o planeta: na década de setenta, a preocupação era com o clorofluorcarboneto, o CFC: em consequência da reação do cloro com o ozônio e de outros fenômenos, a camada de ozônio do planeta é destruída, o que provoca câncer de pele e redução das colheitas, entre outros problemas. Hoje, a grande preocupação é o aquecimento global, que pode, inclusive, provocar a desertificação de algumas áreas e o derretimento das geleiras. São problemas encarados pelos países na tentativa de encontrar as melhores soluções a fim de evitar o pior para o planeta. São protocolos variados; são predisposições para conceder recursos pelo meio ambiente.
RESULTADO QUASE NULO
A questão a se examinar, porém, é a participação de cada um de nós nisso. Há vontade política, há plantio de árvores, há campanhas para tentar conscientizar a população a respeito dos problemas ambientais, realizadas por igrejas, escolas e redes de televisão, mas o resultado é quase nulo. Participe de uma dessas campanhas em que centenas de pessoas se reúnem para ‘conscientizar a população’ e observe como deixam o local: cheio de lixo. Poucos levam consigo o lixo produzido; a maioria simplesmente o joga ao chão. Aliás, isso acontece em qualquer lugar em que haja aglomeração de pessoas: shows, locais de lazer, salas de cinema, bares, etc, inclusive nos pátios de escolas públicas e particulares, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, onde supostamente a população é educada para a vida. Mede-se a educação de um povo pelo destino que ele dá ao seu lixo: povo sem educação ‘joga’ o lixo; povo educado guarda o lixo para lhe dar um destino corretamente ecológico. Lembra-me agora uma cena quando eu estava indo a São Paulo, ministrar uma palestra; na estrada Londrina-Sertanópolis, havia um carro à minha frente com um casal de jovens adultos; a moça se deleitava com um sorvete do McDonald`s; o rapaz dirigia. De repente, a moça descarta o copinho do sorvete janela afora com a maior naturalidade. Copinho, colherzinha e um restinho de sorvete vindo de encontro ao para-brisa de meu carro, deixando-me uma lembrancinha da bela e encantadora mocinha; mas mal-educada. E não eram pessoas sem educação formal: na lataria do carro, que não era ‘popular’, havia um colante de uma universidade particular, ou seja, tinham recursos para comprar um bom carro, para pagar uma universidade, para abastecer o automóvel e para o lazer domingueiro. Foram educados para plantar árvores; não para a preservação e a sustentabilidade ambiental.
PRESERVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
O que temos passado para nossos descendentes é uma cultura de não destruição, por isso ensinamos a plantar árvores e a economizar água (alguns pensam apenas em gastar menos no fim do mês, sem intenção ambiental, sem refletir sobre a destruição dos mananciais). Essa nossa cultura é egoísta, pois pensamos tão somente em nossa qualidade de vida; pensamos nas décadas que passamos aqui no Planeta, por isso plantamos árvores, para nosso conforto. A cultura que deveríamos passar é a de preservação, de sustentabilidade. É uma cultura altruísta; é pensar na vida do Planeta, não na nossa. Para isso, precisamos educar nossas crianças para que tenham consciência do impacto que elas mesmas causam ao meio ambiente deixando rastros de lixo por onde andam, descartando a bateria de seu celular sem o devido cuidado, deixando as luzes acesas em ambientes vazios e aparelhos eletrônicos ligados, tomando banhos demoradíssimos com a água jorrando o tempo todo, entre outras ações perniciosas ao Planeta. É preciso planejar para a vida futura, para nossos descendentes. É preciso fazer parte da solução, não do problema. É preciso educar-se para ajudar as demais pessoas a se educarem também. Professor Dílson Catarino
“A Crônica da Tragédia Pré Anunciada”
Professora do Ensino Médio CJ Doroty Gomes da Silva
A tragédia já não está nas obras de Shakespeare. A Comédia? Gil Vicente? Onde estão? O que são? Talvez, um amontoado de quinquilharias amareladas juntando poeira num porão qualquer, ou quem sabe um monte de entulhos sendo enterrados como se fossem “lixão”, e lá em cima do buraco cavado, para armazenar o material sem uso, obsoleto e arcaico, um senhor, já idoso, coloca uma placa sinalizando o seu luto pelo velório assistido, onde só ele chora e lamenta a perda. - Aqui jaz um amontoado de clássicos que se foram! Foram-se para sempre da vida das pessoas que um dia tiveram de aprender a ler e não puderam, ou daquelas que tiveram a oportunidade de aprender a ler e não quiseram. No entanto, não consigo ver o futuro de outra maneira, vazio, sem perspectiva, pálido, triste... Os jovens e as crianças sendo guiados por um “rato” ou um “mouse”, que seja. Velhos tempos aqueles quando ouvíamos a frase “ratos de biblioteca”...Hoje, até o rato é americanizado e como tudo o que é americanizado, conduzido para um mundo onde se vive de efeitos especiais e não da saudosa “imaginação fértil”. Um mundo onde não se convive, se teletransporta. E-books, quem diria, aos montes espalhados pelas bibliotecas virtuais distribuídas na rede. Mas e o cheiro do livro? A beleza da encadernação do livro, a paixão em segurá-lo? Nos dias de hoje, as informações vêm em massa, mas perdeu-se o mais importante...a curiosidade e a sabedoria, pois num “clicar de mouse” podemos “navegar” e em segundos saber o que acontece do outro lado do mundo. Ainda permanecem as insistentes estantes, nas casas de um público fiel; leitores formados, um grupo quase extinto, porém que insiste e que não abre mão de um velho e bom livro de histórias e poesias... Eu não sei onde quero chegar com esse amontoado de palavras, que possivelmente logo virarão peças de museu, mas posso dizer que a competição tem sido desleal, enfim, se duvidarmos, daqui a algum tempo nem amigos reais nós teremos. Mas eu resisto! Resisto às máquinas cada vez mais potentes que atrapalham minha missão como professora. Não pelo e-book, mas pelo e-book já resumido pronto para ser entregue, num clicar de mouse impedindo que os alunos tenham contato com a verdadeira leitura. Amor virtual, amigos virtuais, bibliotecas virtuais, “ladrões virtuais”, bancos virtuais, diários e álbuns de fotos virtuais... O que nos resta, ainda, para que não exista mais o real? Pobres crianças e adolescentes informatizados! Pobres leitores pobres, que não encontram palavras por não terem vivido a emoção de ler uma linda poesia de Camões, de Vinícius de Moraes, de Drummond, De Fernando Pessoa, de Cecília Meireles... As palavras lhes faltam, mas não por emoção, simplesmente faltam, pela falta de ter sentido um dia essa emoção... Saudades do dia em que recebi de presente o meu primeiro livro “Memórias da Emília” como prêmio pelo meu bom desempenho escolar... Mas eu sou uma educadora e a minha missão continua, pois não quero presenciar a “queda dos livros” como já vivenciei as imagens da queda das Não quero imaginar o futuro sem livros, chega de tragédias!
*** MÃES MÁS...
Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: “Eu os amei o suficiente para ter perguntado: aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão”. Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia. Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram da mercearia e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”. Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês duas horas, enquanto limpavam o seu quarto; tarefa que eu teria realizado em 15 minutos. Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos. Eu os amei o suficiente para os deixar assumir as responsabilidades de suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes NÃO, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos me odiaram). Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, meus filhos vão lhes dizer quando eles lhe perguntarem se sua mãe era má: “Sim... Nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo... As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos de comer cereais, ovos e torradas. As outras crianças comiam bebiam refrigerante e comiam batata-fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela obrigava-nos a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que deixavam os filhos comerem vendo televisão. Ela insistia em saber onde nós estávamos a toda hora (tocava nosso celular de madrugada e fuçava em nossos e-mails). Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia que lhe disséssemos com que íamos sair, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos. Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar os lixos e todos os tipos de trabalhos que achávamos cruéis. Eu acho que ela nem dormia a noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, ela até conseguia ler nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava nossos amigos tocarem a buzina para que nós saíssemos. Tinham que subir, bater à porta para ela os conhecer. Enquanto elas podiam voltar tarde com 12 ou 13 anos nós tínhamos que esperar os 16 e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa. (só pra ver como nós estávamos ao voltar). Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências da adolescência. Nenhum de nós esteve envolvido em roubo, drogas, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa dela. Agora, que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “pais maus”, tal como nossa mãe foi. Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes “Mães más...”.
DEUS É PAI – POEMA “QUANDO O SOL AINDA NÃO HAVIA CESSADO O BRILHO QUANDO A TARDE ENGOLIA AOS POUCOS AS CORES DO DIA E DESPEJAVA SOBRE A TERRA OS SEUS PRIMEIROS RETALHOS DE SOMBRA EU VI QUE DEUS VEIO ASSENTAR-SE PERTO DO FOGÃO DE LENHA DA MINHA CASA CHEGOU SEM ALARDE, RETIROU O CHAPÉU DA CABEÇA E BUSCOU ALI UM COPO DE ÁGUA NUM POTE DE BARRO QUE FICAVA NUM LUGAR DE SOMBRA CONSTANTE
ELE TINHA FEIÇÕES DE HOMEM FELIZ, REALIZADO PARECIA IMERSO NA ALEGRIA QUE É PRÓPRIA DE QUEM CUMPRIU A SINA DO DIA E QUE AGORA RECOLHE A ALEGRIA COTIDIANA QUE LHE CABE
EU O OLHAVA E PENSAVA: COMO É BOM TER DEUS EM CASA! COMO É BOM CHEGAR A ESSA HORA DA VIDA EM QUE TENHO DIREITO DE TER UM DEUS SÓ PRA MIM
CAIR NOS SEUS BRAÇOS, BAGUNÇAR-LHE OS CABELOS PUXAR A CANETA DO SEU BOLSO E PEDIR QUE ELE DESENHE UM RELÓGIO BEM BONITO NO MEU BRAÇO MAS AQUELE HOMEM NÃO ERA DEUS AQUELE HOMEM ERA MEU PAI
E FOI ASSIM QUE EU DESCOBRI QUE O MEU PAI COM SEU JEITO FINITO DE SER DEUS REVELAVA-ME DEUS COM SEU JEITO FINITO DE SER HOMEM
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"Por que o tempo parece acelerar?"
O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos. Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a noção do tempo. Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea. Então... quando tempo suficiente houver passado, você perderá completamente a noção das horas, dos dias... ou anos. Estou exagerando para efeito didático, mas em essência é o que ocorreria.
Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Se alguém tirar estes sinais sensoriais da nossa vida, simplesmente perdemos a noção da passagem do tempo.
Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar: nosso cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia. Para que não fiquemos loucos, o cérebro faz parecer que nós não vimos, não sentimos e não vivenciamos aqueles pensamentos automáticos, repetidos, iguais.
Por isso, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e "apagando" as experiências duplicadas.
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os natais chegam cada vez mais rapidamente.
Quando começamos a dirigir, tudo parece muito complicado, o câmbio, os espelhos, os outros veículos... nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular (proibido no Brasil), ao mesmo tempo. E você usa apenas uma pequena "área" da atenção para isso.
Como acontece? Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência). Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa... são apagados de sua noção de passagem do tempo... Porque estou explicando isso? Que relação tem isso com a aparente aceleração do tempo? Tudo.
A primeira vez que isso me ocorreu foi quando passei três meses nas florestas de New Hampshire, Estados Unidos, morando em uma cabana. Era tudo tão diferente, as pessoas, a paisagem, a língua, que eu tinha dores de cabeça sempre que viajava em uma estrada, porque meu cérebro ficava lendo todas as placas (eu lia mesmo, pois era tudo novidade, para mim). Foram somente três meses, mas ao final do segundo mes eu já me sentia como se estivesse há um ano longe do Brasil. Foi quando comecei a pesquisar a razão dessa diferença de percepção.
Bastou eu voltar ao Brasil e o tempo voltou a "acelerar". Pelo menos, assim parecia. Veja, quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida. Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir -- as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.
Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a... r-o-t-i-n-a.
Não me entenda mal. A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.
O ANTÍDOTO PARA A ACELERAÇÃO DO TEMPO: "M &M"
Felizmente há um antídoto: Mude e Marque. Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos. Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas. Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia); Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais. Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe da formatura de sua turma, visite parentes distantes, vá a uma final de campeonato, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no natal, ou faça os enfeites com frutas da região e a participação das crianças, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.
Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor -- faça diferente. Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes. Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes. Seja diferente.
Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos... em outras palavras... v-i-v-a. Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo. E se tiver a sorte de estar casado (a) com alguém disposto (a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais... vivo.... do que a maioria dos livros da vida que existem por ai. Se você não tiver mais a esposa, ou o marido, cerque-se de amigos. Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes. Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é? Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.